quinta-feira, abril 26, 2012
calling
É momento do tempo e seus remédios.Vou rever os amigos e escrever poemas guardados até ver o fundo das garrafas de vinho. Cozinharei pelo prazer de cuidar. Assistirei aos filmes e seriados que me fazem rir e chorar. Viajarei um dia ou outro. Trabalharei como um burro, louca, frenética. Entre um café e outro, uma heineken para compor o cenário. (Verde, uma lembrança!) Vou ler os livros que ganhei ano passado e ainda estão na estante. Vou pensar nas flores... As que foram e as que virão. Vou pensar em fazer uma tatuagem ou furar meu nariz, mas vou desistir porque nunca acho que vou gostar de verdade. Dançarei like no one else is watching e rirei muito de tudo, inclusive de mim mesma. Pintarei as unhas, farei o cabelo. Maquiarei meu rosto marcando bem meus olhos. Usarei decotes. No colo e nas costas. Usarei meu melhor perfume. Sorrirei para o espelho e jogarei o cabelo para trás. Sairei com os amigos, falaremos besteiras e filosofaremos sobre a vida e os amores que vem e vão. E ainda aguardarei a nota certa para a melodia que venho compondo. Sua voz servirá de lugar pra nós dois.
segunda-feira, abril 23, 2012
awaking
escuta-me...
esse desajeitado jeito que tenho
de buscar seu sorriso, seus lábios, seus beijos.../
me desconstruo e sigo...
farejando esse desconhecido caminho
de marcas fortes, mapeadas na pele com suas cores.../
sussurro no escuro cada pensamento e desejo...
e na sutileza dos dias,
as primeiras lembranças brotam inusitadas,
ansiosas e engraçadas.../
invejo o vento que te acompanha
entre seus cabelos
e esbanja sua vivacidade,
sua liberdade de encarar o mundo
em meio a borboletas e rochas./
entre uma música e outra,
o vermelho é você.
já não durmo para sonhar,
só espero...
quinta-feira, abril 12, 2012
W
A insistência me constrange, mas decidi que “devo”, porque anseio.../ Leio-te e nas entrelinhas há sempre uma penumbra, uma busca incessante de si mesma./ Todas as perguntas filosóficas do mundo recaem sobre teus ombros e persistes numa luta sem fim contigo mesma./ Falas de ilusão, de cacos humanos, de lembranças subliminares.../Falas de perfeição, de plenitude, de felicidade.../Mas pergunto, tens feito as perguntas certas?/Todos os teus questionamentos tem te levado ao aprendizado? / Já que buscas o essencial, o âmago de ser tu mesma.../ Tens olhado na metáfora de teu espelho e gritado todas as culpas que sentes e tentado te perdoares?/ Não te envolvas, teu coração sussurra,/ porque calejado de histórias e desconstruções./Todos sentimos “saudades do que ainda não vimos...”/ Descreve com clareza suas intensidades./ E elas são muitas!/ Quanto te conheci parecia que todas elas saltavam de seus olhos.../ Tanta sede, tanta angústia, tanto brilho.../ Desejas deveras novos caminhos?/ Ah! O medo./ Esse vilão ocidental que bate à porta dos aventureiros de alma em construção./ Queria dar-te um mimo, um carinho que lhe dissesse algo.../ mas ainda não sei o que é./ Então dou-te o que não se esgotará... um pensamento!/ Conheces Alice?/ Aquela do país das maravilhas.../ Há uma crônica do Paulo Mendes Campos que tem como pano de fundo este livro, veja:/
“...A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!". O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon!". Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto-de-vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gatos se fosses eu?".
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! Mas quem ganhou?". É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhaste.
Disse o ratinho: "Minha história é longa e triste!". Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!". Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo". Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. Ê isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom-humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas...".
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça. (PARA MARIA DA GRAÇA – Paulo Mendes Campos).
Sábio, não?/ É isso, o inevitável acaso me trouxe até aqui.../ Cambaleante pelo incerto, entre o não e o sim.../ Deixando de rastro o carinho da brisa e um singelo agradecimento pela leitura.
sexta-feira, abril 06, 2012
passing by...
Sozinha se chega a todo destino.
Transformamos cada viagem em pequenas descobertas...
Os medos se tornam sorrisos, imagens perfeitas de buscas inesperadas...
Tornamo-nos desbravadores de brisas e bancos de parques...
Buscando sempre a surpresa nas cores e odores do que os sentidos bebem.
E nos apaixonamos cegamente pelo instante singular de cada nascer e por-do-sol.
Vamos viajar e desbravar almas por aí!
Vamos cantar os sonhos e brindar o desconhecido nos olhares alheios.
"Essa é a vida que eu quis!(...) Pro dia nascer feliz!"
terça-feira, abril 03, 2012
leaves...
E de mim, o que foi feito?
As noites ébrias de gozo e pensamentos intensos,
os dias de memórias vermelhas que vão e vêm...
A inquietude da alma que deseja,
Que expõe a ferida,
Que grita as fraquezas mundanas,
Que se despe diariamente.
As bocas se entrelaçam,
os braços...
as pernas...
Todos dançam sob a sinfonia noturna de momentos,
de lascívia...
Ah, a música!
Os olhares e odores regem cada nota dos corpos.
Ah, a melodia...
Sintonia perfeita entre curvas e movimentos...
Façamos, fazemos... todos!
Amamos o instintivo e bruto,
queremos o suave e delicado,
o que fica?
Que reine a leveza do não pensar...
Que reine a inocência sem culpa de poder amar.
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