segunda-feira, julho 30, 2012

gap




Pessoas estranhas,
vivas...
latindo, miando, grunhindo, uivando...
Elas celebram,
elas dançam,
se olham,
se lambem.
Todas no cio,
todas tramando.
Mulheres perdidas,
homens à deriva,
marginalizados, todos.
Entorpecidos.
Ébrios de ausência,
carentes de norte,
sedentos de si.


quinta-feira, julho 26, 2012

struggle



A verdade que se constrói aos olhos alheios se inverte convenientemente. A realidade sim, essa vem das entranhas. Por que se justifica na medida do nada? Não se esvazie do que nunca teve. É imodesto desmedir ou destituir o desconhecido. O mundo almeja equilíbrio e conhecimento, não conquistas para sua auto-afirmação. Para se sonhar, por vezes pagamos o preço da razão. Acontece! A vida tem seu fluxo próprio, mas somos agentes de intemperismos singulares, quando nos propomos a mudanças significativas. Se há o que despejar, eu transbordo... Não há lugar para o degredo ou injustiças. Se não o era, por que fez acreditar que sim? Alguns sentimentos não se renovam... E sim, nos perdemos em labirintos escuros e sombrios, mas colhemos flores no caminho, lembra? Você que poucas vezes se vestiu do avesso, não aprendeu a transcender da caverna cordial que criou. Versos não morrem, se revigoram com o tempo. E a crença na eternidade é ponderada na lembrança do que sempre foi, mas nunca será. Há dias em que tudo é confuso e inóspito, eu sei. Vivo em meus próprios desertos e "tudo é deserto". Mas insisto na jornada de ser. Reconheço seus passos na areia... mas o vento insiste em dar-lhes outra direção.

sexta-feira, julho 20, 2012

Anna



Mil anos depois, publico um texto de idos 2007-2008, feito com muito carinho para a senhoria Máximo.





Simples Anna em nome...
corpo lar do desconhecido.
Incessantes suspiros duvidosos
rainha das “palavras líquidas”...


Ofegantemente saborosa,
descabidamente lasciva...
docemente carente,
compulsivamente, Anna.


Colecionadora ávida,
de amores, pessoas,
Anna’s e vidas...


Partitura ensaiada,
de instintos guardados
nos segredos de seu piano.


Anna de um jardim secreto...
Despetalada em pele e beijos...
Anna de medos e asas guardadas...

Anna, a mulher de se amar entre os dedos.