segunda-feira, outubro 30, 2006

Don't mess with me!


Por que corres para as sombras?
Ousas fugir de teu destino...
Não sei se sou eu,
como me acusas
ou se teus descaminhos.
Tu te escondes
da luz que dá alma
às cores das flores,
culpando-as do cheiro
de teus perfeitos odores.
Corres de medo das feridas,
novas ou antigas;
legado de lembranças e cicatrizes
que a história insiste em nos deixar.
Não teme o inevitável!
Sentir tanto
não é fatalidade.
Corrente perene,
leveza das brisas,
intensidade dos ventos
na exatidão contrária do tempo.
E o enigma que te recai é a profecia:
que um dia ao meu amor
tu te renderás.

domingo, outubro 29, 2006

Jardim de chuva


(no dia que choveram Paulas... rs... pra gente, amiga!)

Duas moças plantavam
um jardim de chuva,
colhiam suas almas
bebendo gotas de céu.

Lavavam os pés,
nas lembranças de criança,
quando comiam algodão doce e
passeavam de carrossel.

Nas chuvas de domingo
montavam origamis,
que tinham nome
de barquinhos de papel.

As moças,
agora meninas,
dançavam nas enxurradas
das tardes sem pressa.
Soltavam seus barcos
do cais da memória
nas águas sem fim.
Descoberta encantada
de ser gente grande,
brincar de boneca,
e acreditar em anjos e serafins.

Olhares alheios
por ali passavam
irresistíveis ao sorriso
das moças-criança
e do som
das gargalhadas
de ingênua alegria.

O jardim dava flores,
cores para escrever
páginas de pensamentos.
Jorrando seiva e amizade,
risadas... e brincadeiras,
era a infância de volta
flagrada num lapso
de capricho do tempo.