terça-feira, outubro 18, 2005



Hoje dei-me o prazer de sentar num café, o meu de sempre. Nesta primavera com corpo de verão. Era impossível ter meu prazer comum, um belo MOKAchino com aquele chocolate meio amargo nas bordas de uma xícara branca de cerâmica. Experimentei uma nova nuance, um Caputino Shake batido com chantily, um pecado! Gelado, bem gelado!... Um alívio para dias claros e ofuscantes de sol escaldante. A bebida se derrete dentro de mim. Que blazé me sinto! Mais um pequeno prazer que apaga o sufocar do dia rotineiro com seu tédio implícito. Ouço um bom jazz... Não vejo rostos conhecidos como em outros tempos. Era quando todos fugiam como eu do dia lá fora. Fugir, resposta simples e prática para esse hodierno cotidiano dos corações partidos e perdidos. O pior é quando se pensa que esse fugir pode, implicitamente nos levar ao tão bem quisto encontrar. Naquele alívio do desmanchar das rugas de minha fronte ainda jovem, contudo já marcada pelas preocupações comuns dos filósofos antigos...Hoje contenho minha libido pela camisa e vestes de baixo brancas de um certo rapaz. Ele não me vê como outrora. Deixei ele se perder de mim. Quando era MEU menino-homem, homem-menino, tão inerente em seu sorriso maroto e naquela perfeita voz que me lembra as carruagens de Taranis. Num lapso, num susto ele se soltou de minha mão e saiu correndo... não sei se fugindo. Dele ficou então o suor nos meus dedos e um presumido sonho de futuro. A única certeza pois, foi a de tê-lo encontrado nesse mundo de meu Deus, no mais sem-querer dos meus dias... E perdê-lo no de repente inesperado de um lápso de minha falta comigo...

Um desejo...

Que ele não se esqueça...

Um suspiro de felicidade antes de um fim possivel...

Conformo-me com meu regozijo pretencioso do meu achismo de ter encontrado o que não sabia procurar tanto. Meus girassóis, colho-os agora nos campos da Toscana e as palavras que não canso de ouvir ecoam na caverna desse sentir. É um complexo bem-querer. Mas por que deveria ser complexo? Porque as pessoas o são! É uma boa resposta.Se para Descartes tenho que pensar para existir, afogo-me naquilo que penso e não penso e no que não sei que os outros pensam. Acho um olhar um pensamento... Quero um abraço de anos luz! A alma que os anjos não têm para buscar esse ser, humano. Sei sorrir no ônibus balançando e quente quando penso em você e escrevo essas minhas besteragens.

Un pequeño regalo mio...

Te regalo ...

Te regalo mi cintura, y mis labios para cuando quieras besar
Te regalo mi locura, y las pocas neuronas que quedan ya
Mis zapatos desde niños, el diario en el que escribo
Te doy hasta mis suspiros, pero no te vayas mas...

Porque eres tu mi sol, la fe con que vivo,
La potencia de mi voz, los pies con que camino,
Eres tu, amor, mis ganas de reir, el adios que no sabre decir,
Porque nunca podre vivir sin ti...

Si algun día decidieras, alejarte nuevamente de aqui,
Cerraria cada puerta, para que nunca pudieras salir,
Te regalo mis silencios, te regalo mi nariz,
Yo te doy hasta mis huesos, pero quedate aqui...

Porque eres tu mi sol, la fe con que vivo,
La potencia de mi voz, los pies con que camino,
Eres tu, amor, mis ganas de reir, el adios que no sabre decir,
Porque nunca podre vivir sin ti...

(Shakira)

domingo, outubro 16, 2005

no memory for love...


I miss you, but I haven't met you yet. Quem não amou ou foi amado tem medo da morte. Tudo é mais cavado, mais compassivo, flor da pele. Aqueles que amam e os que não o fazem têm algo em comum... A insegurança. Essa lancinante figura de mil faces. Para quem não conhece o tal amor dos poetas e filósofos é uma máscara... um esteriótipo de macho ou fêmea mal sucedido. Acha que isso reflete tanto na vida da pessoa? Bem... penso que é mais questão de desejo, lascívia. Quando tanto a contempla no outro que cria-se uma auto figura de desprezo reflexiva desde um seu olhar ao modo de se vestir... Será? Nada é tão simplório quando se tem medo de si mesmo... mais que isso, medo dos outros! É a pior das faces da insegurança, não se firmar em nada, muito menos em si. Há, em contrapartida, os que moram no ataque, e de tão inseguros vibram com o temor dos outros e outrora não passam de ratos com frio. Os da defensiva se esquivam até no modo de olhar... talvez seja essa a melhor investida. Impor-se!!! O que na verdade se confessa numa eterna fuga. Não há justiça no amor. Não é assim que funciona... não sei como funciona... mas talvez possa dizer quando não o é. Há esse sofrer implícito, que é bom e ruim... dói, contudo cultiva o sentimento. Insegurança da espera, do suor nas mãos, tremor nas pernas, frio na
barriga... esse é um ser que ama. Que conhece física e emocionalmente a sensação da doença do amor. Doença? Por que não? Há tantos sintomas para explicá-lo. Por favor não o confundam com paixão, esta é crônica, o amor é agudo. Pode perguntar a qualquer poeta ou músico, aos compositores, floristas e boêmios... Muitas explicações haverá para esse substantivo que de tão concreto, é às vezes mais abstrato que seu nome. Alguns se arriscarão nesse infinito explicar, mas não haverá nunca quem lhe possa conceituar com a precisão Geométrica de Da Vinci, somente usar de seu mistério como no sorriso da Monalisa.

sábado, outubro 15, 2005

Foggy day!



Uma gérbera caminha comigo.
Um sorriso de menina fez-me levá-la.
Uma boa lembrança ou porvir momento de contentamento.
Cheguei à floricultura e pedi:
- Moça, tem gérbera?
- Pequena ou grande?
- Hum... Grande, bem grande, a maior de todas!
- De que cor?
- Rosicler...
- Qual???
- Rosicler!!!
- Não tenho dessa cor não. E só usamos gérberas para arranjos.
- Moça, gérbera é uma flor, e flores por flores cada uma em si tem seu encanto e seu "arranjo".
- Hum... Mas ainda não sei que cor é essa.
- Bem, é suave, doce, bem delicada, coisa de menina, pode ser meio cor de alguns peixes, talvez cor de romãs abertos ou de bochechas de bonecas. Só sei chamá-la rosicler.
- Hum... Acho que agora posso lhe ajudar.
A moça saiu do balcão e voltou com a gérbera, a mais rosicler de todas. A sua, que mais uma vez roubou seu sorriso e o entregou ao mundo.
Engraçado, tive a impressão de ter um Girassol...



Hoje minha alma de menina chorou.
De uma metade olhava uma gérbera murcha,
Tal que perdeu seu propósito primeiro,
Dar-me um sorriso.
Agora só derrama lágrimas por ter sua beleza abandonada.
Este mundo dos homens...
Tão complicado, tão ríspido,
Não me decifra a beleza de uma espera.
Espero...
Esperei... E a flor murchou.
Minha outra metade não ouviu meu socorro,
Não veio ao meu amparo
De criança sem aquela mão para atravessar a rua.
Era a menina novamente.
Era meu esconderijo de imagens que só ela poderia ser.
Tudo no seu íntimo é poesia, tristes ou alegres.
Com cores diversas ou com o melancólico preto e branco que sempre lhe cabe.
É natural dela quando quer...
Não importava mais, ninguém o saberia.
A menina crescia de novo,
Porque nesse tempo, crescer é ficar cega dos olhos cordiais.
Ser adulto é se armar contra o ingênuo.
As pequenas coisas.
As meras singelezas,
De uma flor e um sorriso.
As pequenas mágoas
Que fecham sua boca e tapam seus ouvidos
De menina infante... de Nininha...

O vento abraça a brisa...



Dias frios aquecem minha solidão...

domingo, outubro 09, 2005

This is not a flower to be kissed...

Sempre há um fugir nos seus olhos quando brinca de esconde-esconde com seus pensamentos. Acho difícil encontra-lo... é muito escuro e não há barulho que me guie. Não gosto muito desse jogo. Não tenho medo não, é só coisa minha. Gosto de sentir tudo que me acontece, tudo que tocar meu rosto, do vento à gota do meu suor, quando não entendo uma idéia e levanto minha sobrancelha e quando uma dúvida faz rugas na minha testa. Meus olhos são grandes, isso minha mãe diz desde que nasci. Aliás todos diziam, que eu era pequena, nem tinha orelha direito, "essa menina só tinha olho quando nasceu!" Olhos tão grandes para quê, se minha melhor visão é o meu falar ou de quando em vez o calar? E como tenho necessitado dele nesses dias de cuidado. Esses são dias bons! Descobri um beija-flor lindo... resolveu fazer ninho no meu jardim... Fiquei feliz, alegria de menina, tenho um colibri pra cuidar das minhas flores, agora mais que
lindas... e lhe dei o nome de Amor! Porque achei que tinha cara de amor mesmo!

quinta-feira, outubro 06, 2005

sábado, outubro 01, 2005

Carpinejar e Magritte

Pintura de Magritte


MEDO DE SE APAIXONAR

Fabrício Carpinejar

Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.

Eu - por Paulo Leminsk


eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro ou
está por fora

quem está por fora
não segura um olhar
que demora

de dentro de meu centro
este poema me olha.