domingo, agosto 27, 2006

take my hands...


Era uma dança emocional.
O vento arranhava a pele alva
das almas que se encontravam.
Tanto gritavam, tanto sorriam, tanto choravam.

Não faziam perguntas,
porque não havia respostas ali.
Sabiam que tudo
o que tinham era o agora.

Tudo era pleno, cheio de si.
Um mergulho fundo nas águas do porvir.

Os olhos se encontravam em beijos primaveris.
Pétalas jovens caíam sobre os sentimentos
O medo ficara para trás
quando deram aquele primeiro e único salto.

E pularam juntos...
E caíram juntos...
E não se machucaram mais.

segunda-feira, agosto 21, 2006

loucura de cada dia


Quero rasgar as cartas e os poemas que não lhe escrevi.
Cegar os olhares que não nos despiram ou nos espelharam.
Apagar as velas... os sonhos... os anseios...
Arrancar as pétalas e o cheiro das flores que não nos demos.
Gritar em meio ao silêncio que não nos permitimos.
Secar as lágrimas que não derramei pelo seu amor.
Apagar essa saudade que rasga meu peito e que é culpa sua!
Tirar a mudez do meu mundo que você causou.
Porque até as estrelas já sabem que meu bem-querer é seu,
e eu, como sem poder me decidir, só pude permitir o acontecer.

terça-feira, agosto 08, 2006

a noite do vinho branco


O olhar de satisfação rasa deformava o sentimento que florescia. As flores que brotavam em minhas mãos eram de jardins alheios. Nossos instantes tornavam-se incompletos. Faltava a raiz das coisas. A firmeza da verdade que não tínhamos. Serão curáveis as fases que temos na vida? Porque algumas pessoas vivem e outras trabalham, com persistência. Procurava o desabrochar que via no colo suado e o desejo que aquele vinho branco insistia em exaltar. Talvez um gim fosse melhor companhia. Não acreditava que se alimentasse a vida no anonimato! Talvez fosse heresia prazerosa julgar com os olhos que não alcançavam a mediocridade suposta dos outros. Talvez fosse culpa dos tangos dançados nos filmes com tamanha insensatez e sincronismo. É talvez...

“Quando nada mais precisava de sua força, inquietava-se.”
(frase de clarice lispector em sua obra Laços de Família)

segunda-feira, agosto 07, 2006


Foi quando
olhei para o céu,
ouvi o jazz,
rasgando minha pele
com o som
de um trompete abafado.
Culpada!
Mesmo sem o intento,
me senti
a culpa.
Ouvindo canções
francesas do século passado,
de amantes antigos.
Bebi as lágrimas
dos pássaros
que não libertei
na infância.
Foi o desejo
Inesperado
que me vestiu de tímida
naquela noite
em que me senti
nas inescrupulosas
carícias libidinosas,
que me despiam
num ardor
sincero.
Um desígnio
voluptuoso
de me apaixonar.
Perdido em meio
aos meus poemas e livros,
aos meus sonhos...
presente
no caprichoso destino.
Um ódio vingativo
dessa intensidade
extasiante.
Insegura na ansiedade
de amar,
possível
desejo
materializado
no homem que terá
chegado para ficar?