Ela voltou! Disse que para casa, mas ainda parecia sem rumo. Faltou relógio, faltou saudade, faltou memória... Sobrou lembranças... delicadas, doces, verdadeiras... Resgatadas nas músicas que ouviu no carro e no quarto com as amigas. Comeu o doce que queria e não podia: chocolate! Comeu pão de queijo e bolo de limão. Riu muito. Sorriu... e elogiaram-na, bem como seu sorriso. Achou engraçado... e o rubor em sua face se fez como sempre... Nunca acredita nesse seu pequeno encanto. Será que alguém vai saber o quanto ela pensa com seu coração? Tentava deixar seu agir contrariar seu desejo, agora que não o fez, a resposta que se pôs foram as lembranças antes bem-vindas e lindas, agora afiadas e cortantes como um tentar podar galhos grossos de roseiras rubras e chá. Já lhe falta o prazer do olfato, pois que se esqueceu do cheiro do carinho de um cuidar dela... Ficou cega para o mundo de encontar pessoas possíveis e de se perceber de novo sem aquela falta que agora parecia ser parte sua, como carne e fibra. Desaprendeu a sorrir, ela acha. Não é tristeza, é vazio em excesso, falta... é ausência que transborda seu abraçar...
Ausencia
(Pablo Neruda)
"Apenas te he dejado,
vas en mí, cristalino
o tembloroso,
o inquieto, herido por mí misma
o colmado de amor, como cuando tus ojos
se cierran sobre el don de la vida
que sin cesar me entregas.
Amor mío,
nos hemos encontrado
sedientos y nos hemos
bebido toda el agua y la sangre,
nos encontramos
con hambre
y nos mordimos
como el fuego muerde,
dejándonos heridas.
Pero espérame,
guárdame tu dulzura.
Yo te daré también
una rosa. "
e um girassol... pq é uma paixão minha.
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