quinta-feira, setembro 21, 2006

Resposta!


Eu não paro de fluir!
Foi assim que nasci,
como um manancial de palavras.
Não tive tempo de muito ouvir.
Fui abrindo meu caminho,
discutindo com o tempo
e perturbando o espaço
lá, acolá, aqui e ali.

Eu não paro de fluir!
As quedas que me vêm
são das águas que faço parte.
Profundas ou rasas,
de brumas densas ou neblinas delicadas.
Não escolho os vapores do dia.
São gotas, meandros meus
que invadem as terras dos outros,
fazendo novas trilhas e barrancos,
até plantando jardins...
campos de girassóis!
Contudo aqui me confesso:
nem sempre pedi ou peço tal permissão
e se me dão-na ou não,
posso me importar...
mas é que muito disso me esqueço.
Logo,
Sorrio...
Este é meu pedido de desculpas:
um sincero e singelo sorrir!
Pode ser que as nuvens peçam licença
ao sol e ao céu
para construírem o dia...

Ah! Eu não paro de fluir!
E nessa pretensão jocosa
Acredito, nada mais teço
senão uma delicada e garbosa presunção.
Se me ensurdecem,
Ouço as mais belas trovas.
Se me cegam,
Enxergo as cores e as luzes
que eles não vêem.
Mas nunca, nunca me calam!

Minha alma é imune à mudez dos homens.
Só me calo diante dos ventos,
das flores, da lua, da chuva,
do colo de minha mãe, do beijo de meu pai,
do sorriso dos meus irmãos,
e de Deus.
Da verdade dos reais amigos.

Fala! Fala! Fala!
Eu sempre grito...
Foi assim que expirei pela primeira vez,
num brado!
E até hoje grito;
Mas o que ecoa nem sempre reflete
o que em mim é meu íntimo.
Atravessa as correntes do som
breve, ríspido, suave,
e muito de mim se extravia.
Daí me culparem
Por eu ter tanta vida.
Definitivamente, as palavras podem ser
grandes espelhos,
mas nem sempre nos dão nossa melhor fotografia.
É preciso captar os detalhes,
ler as entrelinhas.
Conhecer minha inocência,
minha pureza, que
contra mim se rebela,
já que dá provas equivocadas
dessa minha alegria.

A verdade é que não desisto!
Não pararei de fluir...

7 comentários:

Anônimo disse...

Paula...
a cada dia a cada texto vc me surpreende com tão belas palavras e com tamanha delicadeza.
Beijos
juju

Anônimo disse...

Ainda bem q vc continua a fluir essas palavras lindas.. Para q eu continue a ler e a adimirá-la cada vez mais... Beijos

Anônimo disse...

Você brilhou!
Balbi

Anônimo disse...

Simplesmente MARAVILHOSO!!
Acredito que nem um espelho poderia refletir melhor a integridade de seu ser. Senti-me sinceramente emocionado ao ler esse seu texto, não apenas pelo encanto de suas palavras, como também pela correspondência fidelíssima entre elas e você.
Parabéns Mongolóide!
Te amo demais da conta!!

Anônimo disse...

hmmm... à parte de eu realmente duvidar q vc conseguir discutir com Cronos... esse texto é vc? Ó lá, hein... sei q é seu, mas... é vc nele???
Não é a sua crítica, mas senti uma pequena tristeza com o espelho do outro - que não é vc. Às vezes, a gente quer dar uma marretada en alguém, mas não socar direto na cara pra não ter q ver o rosto do outro.
Jung disse q o maior pecado é ser inconsciente. Na maior parte do tempo, o rosto do outro q vemos é, na verdade, o nosso rosto. E é o maior tipo de covardia ser tão medroso de si mesmo e querer usar vendas do q ter q lidar consigo mesmo.
Ter q se encarar...
Isso é q é dureza...
A imaginação... o presente divino q faz o auto-exame ser suportável.

Anônimo disse...

Paula você disse tudo e um pouco mais agora... graças a DEUS que você não para de fluir mesmo... você com certeza é abençoada por DEUS no ato de escrever textos em prosas e ser admirada por muitos.

Anônimo disse...

"Flow, river go, past the shady tree
Flow, river flow, flow to the sea

The river flows, it flows to the sea
Wherever that river goes, that's where I want to be

Flow, river flow, let your waters wash down
Take me from this road to some other town."

Flow, Easy Rider, flow!
Zulato