quarta-feira, fevereiro 22, 2006
lua de quartzo rosa e estrelas de pedra da lua, todas pingentes para o céu de sua lembrança. brilham para você. canções de espera... de anseio... as de sempre... vejo você nas esquinas, senão nos vidros dos ônibus quando meu olhar se põe perdido. imaginar seu lugar além do que há aqui dentro de mim é respirar diário. quisera contar as pintas do meu corpo, poder guarda-las numa caixa de marfim e presenteá-la para que pudesse recompô-las nesse mapa de mim. aí lhe contaria porque os girassóis transbordam tanta vida e porque as borboletas pousam nos mais perfeitos jardins. e lhe confessaria... só sei amar se for por inteiro.
O Dano - Pablo Neruda
Fiz-te mal,
minha alma,
dilacerei a tua alma.
Entende-me.
Todos sabem quem sou,
mas esse Sou
é além disso um homem
para ti.
Em ti vacilo, caio
e levanto-me a arder.
Tu tens, entre todos
os seres, o direito
a ver-me débil.
E a tua mão
de pão e de guitarra
deve tocar meu peito
quando parto para o combate.
Por isso busco em ti a pedra firme.
Ásperas mãos em teu sangue cravo
em busca da firmeza
e da fundura de que necessito,
e se apenas encontro
teu riso de metal, se nada acho
em que sustentar meus duros passos,
adorada, aceita
minha tristeza e minha cólera,
as minhas mãos inimigas
destruindo-te um pouco
para que te ergas da argila,
feita de novo para os meus combates.
domingo, fevereiro 19, 2006
Sentada na esquina de um jardim na estação calmosa,
Ouço cigarras fretenindo Gardel e Piazzolla...
Escuto vozes de mil mulheres, cantando
Libidinosamente todo tom que tem teu nome.
Peço licença para sentir saudades de ti.
É que ando beijando teu corpo em meus sonhos.
Perco-me no querer te amar quando em minhas insônias.
Tal canto te leva... vai-te num afastar leve e taciturno.
Já não pranteias por mim.
Mesmo que morras, ainda beijarei tuas faces...
Que teu sangue é fio de fel que bebo e não amarga
Veneno para a alma
Que só faz te amar.
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
Quando sorria luas, conversava com as estrelas. Chovia e as gotas que caiam escorregavam no som das gargalhadas e dos pés que sumiam na lama e na grama. Mamãe me navegava no colo e me vestia de marinheiro sempre no meu primeiro ano de vida. Caju e morango eram nomes de doce. Vovô e vovó nomes grandes. Não tinha medo de escola ou de igreja. Jesus era menino e Deus, papai do céu. Choro a criança de meus lindos dias infantes. Não estou borococho, não. É que ninguém me rebuçou nesta noite e dormi com frio.
terça-feira, fevereiro 07, 2006
Corazon Arrabalero
Desejo escrever um poema...
Linhas tortas, mas palavras inteiras.
Começo e recomeço;
Um muito, tudo fim...
Posso ser quebrada, pois que me junto.
Um dia ser sonhada, pois que me cumpro!
Toda essa solidão veste-me de lua,
Banha-me com o orvalho do outono.
Mato minha sede no vinho, tinto e encorpado
Que dividi no inverno com um “malguém”.
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A equação dessa “sozinhez” não me é desleal;
Todos os inversos são proporcionais ao deserto que me criei,
Aos desejos desse coração faminto.
Um suspiro... Não sei ser tão só, minha;
Nessa noite caída, Alejandra Pizarnik é melhor companhia.
Lembranças, as tenho
sempre no meu olhar longínquo e disperso.
Querer,
faz-se na minha saudade enamorada de um sonho...
perdido no tormento
que rompe o muro de poesia e se desnuda nas lágrimas desse coração arrabalero.
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