segunda-feira, junho 09, 2008

running away...


É preciso calar./
Guardar os instintos na razão do mundo./
Emudecer os tangos e os vinhos./
Guardar as cores dos dias perfeitos/
que apagam o gosto das horas quando estás comigo./
Sabes que é assim./
A leveza que buscamos corta os olhos alheios/
e ficamos distantes no mesmo segundo./
Já não escrevo mais cartas,/
testemunhas doces dos pecados que não cometemos./
Teu cuidar medido afaga meu sorriso/
quando escreves lucubrações íntimas,/
denunciando noites ébrias de odores, músicas e fantasias./
Tens-me, não nego./
É tempo de fazer as malas./
Estreitamos caminhos de destinos sensíveis e corações audazes./
Sabes do meu esforço para ver-te sorrir longe do que não somos./
Contudo meus ventos buscam terras outras,/
terras de ser Paula./
E tu vens junto em brisas de inverno,/
para reencontrar-me na primavera de teus desejos transparentes/
e delírios oníricos meus./
Não será o tédio que soará em teus ouvidos/
desgastados pelo opaco de dias insípidos,/
mas canções nossas,/
de suavidade ímpar e volúpia indelével/
quando dividimos taças e confidências,/
entre uma cama e outra e/
tu já não querias partir./
Ficamos no encaixe perfeito dos abraços,/
na delicadeza dos lábios, da pele./
Mas ainda.../
É preciso calar,/
e tu te vais/
como nos sonhos bons de menina.

quinta-feira, junho 05, 2008

overflowing


Rasga-me a pele e sente o quanto meu sangue tem vida./ Nada mais te pede, te quer, nada te necessita./ É rubra essa minha vontade de deglutir teus cabelos e beber de teu pranto vazio./ Rasga-me o peito e sente que tua dor é vã, / que tuas lágrimas são vazias./ Não cortam, não flagelam, retumbam no nada que te descreve em dias de perfeitos plenilúnios./ Nem tua covardia arranha meus passos./ Nem teu comodismo apaga as flores de outono colhidas no jardim do meu inverno./ Minhas entranhas jorram a maturidade do mundo/ e você permanece insosso nas palavras e nos vinhos./ Cortas os pulsos da noite que sorri de teus velhos pecados./ Tua pele não tem segredos, / teu sorriso não é brisa nos olhos de ninguém./ Abraçastes teu próprio inferno/ e Dante zombou de tua pífia tentativa./ Teus medos não constroem muralhas, senão previsíveis futilidades mesquinhas./ Ainda não aprendestes a viver em carne viva./ Ainda não amaste sem que houvesse outro dia./ Já não és tão raro como outrora/ e tua cama, um confessionário libidinoso de tua solidão descarada, / não te permaneces em nada,/ não te jogas aos uivos da noite,/ não te feres com unhas e dentes sedentos de cheiro e destino, desaprendestes a te vestir de lua./ És fraco!/ Não te perguntas o que é tão ausente?/ O que mal percebes como sombra?/ A delicada morte de um pássaro enterrado em nuvens/ te dirá a exatidão da beleza de mãos dadas/ em domingos hodiernos entre árvores, folhas e brisas de cores comuns./ E uma música tocará com notas vivas de lembranças que nunca vistes. / Perdeste, e isso é tudo.

quarta-feira, junho 04, 2008


Meu coração pulsa em perguntas
Não cessa sua inquietude inerente,
Não pela natureza de bomba sanguínea,
porque é amor o que corre em minhas veias.

Sou descrente de pessoas e mundos,
Medíocre em lucidez e aparência
Contrario o que é finito,
Rangendo de amor entre os dentes.

O amor é opaco na realidade dos dias
Mesmo assim eu não padeço
Reencontro a irrealidade de vidas,
Preenchendo um vitral de sentimentos.

terça-feira, maio 13, 2008


Escondo os homens e mulheres
que vivem entre letras e
minha poesia.

Ando comendo versos,
aqueles que não posso mais digerir...
Matando suspiros,
que ainda me sufocam.

Mas sempre,
engolirei cada ser,
com toda fome e vontade,
os que ficaram nas poucas rimas;

com toda sede que senti,
quando anonimamente
para eles escrevi cartas de amor.

Pedaços meus...

Cacos de vida
espalhados pelas entrelinhas
inconstantes dos meus desejos,
dos meus segredos,
que decoram os labirintos
das linhas que ainda escrevo.

segunda-feira, maio 05, 2008

Ela


Ela narrava todos os momentos:
todas as luzes,
todos os odores,
todos os pêlos.


Ela sentia os segundos,
gemia minutos...
prolongava-se trépida em sua cama,
fantasiando segredos.


Crescia mulher...
alma, corpo e veias...


Ela jorrava sentidos
dos poros, dos olhos e desejos.


Ela se libertava,
com amor
e com suas mãos...
desfazendo-se em êxtase.


Livre de todos os medos...


ela se sorria,
plena,
inteira...
feliz...

E se deleitava...

Fazendo amor com seus dedos.

sexta-feira, abril 25, 2008




Desses lábios que não são meus,
jorra a inconstância de um desejo,
insistente amnésia do teu beijo.

Imbecil sou eu
que como um quadrúpede,
peço de pé nas patas traseiras,
um sorriso ao ver-te passar.

Ébrio de vontade de tua pele,
devaneio nas noites e nas esquinas,
exaltando teu nome em cada beco e janela,
esperando um olhar à procura
de um escândalo humano,
de um maltrapilho como eu,
que rasga o silêncio da noite
com pensamentos lascivos
sobre um fantasma
que me persegue
em vida e em sonho.

domingo, março 16, 2008

tu mi manchi

(Meu italiano não é nada bom, então me corrijam, por gentileza.)

Al mio più caro amico Giovanni Colla con tutti gli ammirazione ed amore.




Uma palavra,
a lua que observava tímida
pela fresta da janela,
adentrava meu quarto e já habitava seu todo.

Uma palavra
e eu trocava todos os pianos e violinos da noite:
Vivaldi’s, Tchaikovsky’s, Ravel’s, Bruch’s, Chopin’s, Beethoven’s,
Wagner’s, Liszt’s, Orff’s, Rachmaninov’s e Mozart’s
pelo sorriso de um amigo.

Uma palavra
e o tédio se desfazia
no mar de minha memória torpe
ouvindo risadas minhas
de outros dias.

Aquela palavra,
apenas ela.
mudando meus sentidos,
dando cores de flores
às minhas idiossincrasias.

A palavra
definindo minha vida...

palavra-lágrima,
palavra-sorriso,
palavra-falta,
palavra-segredo,
palavra-não-esquecida

A palavra
S-A-U-D-A-D-E.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

feelings show...




Nuvens novas e muitas,
alvas...
Renovo os dias e as luzes de
momentos outros.
Acreditando na doçura do que é humano,
dou meus passos...
Fantasiando delicadeza,
refaço-me em sorrisos,
aprendendo a rir de mim mesma.
Satisfaço-me com a caminhada
de todos os destinos que
me cruzam nesses dias.
Tantos e todos lindos.
Perco-me entre vários;

já não me esbarro no tempo de ninguém;
num sorriso que me faça transbordar de algo
que sinto e já não entendo...

Eu desejo um tudo!
imagens e braços que me acordem
onde seja mais fácil
um não-pensar
em você.