segunda-feira, setembro 26, 2005

Um dia de Adélia Prado

(Já dizia Adélia Prado: "O que a memória ama, fica eterno. Amo-te com a memória, imperecível".)

COM LICENÇA POÉTICA
Adélia Prado

"Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou feia que não possa me casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos - dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou. "

Um comentário:

miss fog disse...

E nosso café, é para quando?
;)