segunda-feira, dezembro 17, 2012

about friendship




Para Marie e Ju.

Nós que nos conhecemos colegas...
tempo afora,
de irmãs nos chamaram por vezes.
Nós, meninas no início...
mulheres de vidas e vidas hoje,
entre um sonho quebrado e outro,
aprendemos...
adaptamos nosso olhar
para os encaixes imperfeitos da vida.
Nós que nos preenchemos do outro,
nos apaixonamos com reverência,
mas não o suficiente para acalmar nossa alma.
Nós que amamos,
até perdemos a fé em nós mesmas,
quando derramamos a última gota de sentimento
para nos desprendermos do que se acreditou.
Nós que nos reconhecemos na fraternidade,
na profissão e nos devaneios.
Nós, almas afins abraçadas.
Nós atados somos.

terça-feira, dezembro 11, 2012

unexpected




Uma saudade antiga,
sem forma e nome noutro tempo.
O avesso agora se tonaliza,
e eu enxergo cores.
Alguns sonhos que nunca descansaram
cobram pouso de um colo digno.
Somos insaciáveis de nós mesmos...
Carentes de um desabrochar constante,
inconsequente...
lascivo.
Onde moravam os sentimentos adormecidos
que agora florescem numa primavera
de tempestade e monções...
O destino, esse rio meândrico
que separa e une mãos em seu curso
se silenciou de nós...
E agora desemboca num mar raivoso,
profundo, sem precedentes meteorológicos.
Demo-nos as mãos... assim meu desconhecido
se unirá ao seu e seguiremos por um novo caminho,
nosso...
enlaçados pelo porvir.


segunda-feira, novembro 26, 2012

...


Tenho um coração perdido, inquieto e "queroso" do mundo! Não me envergonho mais quando o mundo gira e tudo dispara. Vedo os olhos, os sentidos e o instinto segue despertando todos os dragões! Meu pensamento nasce em qualquer estrela. Uma brisa, um sorriso, uma música, uma dança e está tudo feito! Eu me deixo levar... Um beija-flor num jardim florido!... Haja amor e haja peito pra alguém morar!

windy...



Sorriso soprado no rosto
com cheiro de mar,
essência feminina de bem querer.
Dei as mãos ao que não se espera
e seguimos
entre os ventos e calmarias...
Sou refém dessa rosa
que norteia sua direção...
Preencho as frestas da distância
com saudade.
Minha bússola é o vento...
meu guia é seu chamado...
Minha vida se ancorou em seu porto.
Lado a lado construiremos nosso norte
nas correntes do tempo que seguirão seus rumos...
Contaremos estrelas,
partilhando desse amor doce
que nasceu infinito!

quinta-feira, novembro 22, 2012

back


Ah, o que fazer do amor que insiste em se renovar amorfo... As palavras desconstroem, o silêncio afaga, corta e não sabemos mais nos dar as mãos. Amor é o sentimento que tece o fio vital que nos carrega. E a vida? A vida é um enigma de conexões furtivas... Agora gritamos as culpas guardadas e transformadas com o tempo.... Indefinidas... Sentimentos inominados que nos prendem numa compulsividade sanguinea... Etérea... Estamos nos transformando... E tenho medo de ser o que tenho pra ser e sou... E você, quem é hoje? E nós, o que somos ou o que restou? Silencio... e te busco nos tempos que ainda não nos tocaram...


terça-feira, outubro 09, 2012

absorbed




Das escolhas que fiz, as pessoas sempre foram as melhores... Também foram as maiores decepções. E olha que nem aprendi com todos os tombos no caminho. Insisti e ainda insistirei em alguns erros... Todos nós temos direito ao equívoco, é uma prerrogativa humana. No entanto, o aprendizado deveria ser uma obrigação, contudo nem sempre fazemos o dever de casa. Sempre me senti responsável pelo outro, mas nem sempre meu abraço foi recebido com aconchego. Não é fácil ser. As pessoas criam cortinas de conveniência, serração para a sinceridade que tenho. Somos produtos de dúvidas, enleios e tropeços. Sento na varanda de casa e vejo o sol se pôr no horizonte do mundo que desconheço. Já não vôo tão alto... mas ainda procuro entre as nuvens, em meio aos temporais, meus sonhos desconhecidos. Vou te procurar no céu... Travarei guerras internas e vencerei todas, mesmo guardando cicatrizes... entre uma romaria e outra de sentimentos será você meu guia.

terça-feira, setembro 11, 2012

por Borges




Eu que me "alimento de todas as coisas",
juro em sangue e vidas que serei guia do norte perdido.
Construo "lembranças impossíveis",
e sigo nos labirintos criados por passos seus.
Eu, que “sequer sou poeira”
ergo dunas de sonhos e desejos
envoltos em brisas e tempestades nossas
de hoje e doutros tempos
passados e vindouros.
“Cometi os piores pecados” e
não pedi perdão por qualquer um.
Legitimei-os todos no "jogo arriscado da vida".
E continuei seguindo...
Não cessei no instante indesejado,
ou no ínterim ínfimo de regozijo.
E por Borges pergunto:
“Que cume pode ser a meta?”

sexta-feira, agosto 31, 2012

people




Sem saber o rumo dos ventos me guio pelo tato dos gestos que vejo. São tantas chaves para descobrir a única que abre a porta. A porta certa. Ainda me surpreendo com o ser o humano, mas cada vez desconfio mais do que ele quer ser quando crescer. Quando quer crescer. E invoco a história popular – querer não é atingir o fim. Há uma invasão constante de sentidos, de privacidade, de sentimentalidades... E a condição sine qua non para as relações é a rasura de parecer, de se esconder entre dissimulações e inverdades. Pobres de nós mortais que ainda não redescobrimos a fé em nós mesmos. Somos produtos do instantâneo e descartável. Vendemos a imagem e o conteúdo... esse fica para o julgamento frívolo de quem se iguala em capacidade de ser. Decepcionada com as gentes!

quarta-feira, agosto 29, 2012

Smoke gets in your eyes




O sexo e o cigarro.
A boca, a penumbra...
Os odores....
O prazer...
O vício de não resistir
ao outro que chama,
hipnotiza e quer...
Insinuam-se em rituais próprios...
momentâneos e intensos...
Para depois do gozo
de sabores e pensamentos furtivos...
se sucumbir à realização
de uma euforia lenta, languida
entre o   abraçar das pernas
e o apagar da chama.



terça-feira, agosto 28, 2012

obvious




A dúvida. O abismo entre sim e não. Decidir, escolher, viver e arcar com a reação de cada ação desencadeada. Prontos? Nunca verdadeiramente. Tapetes puxados, tetos caindo, chãos que se perdem... Alguns desistem, alguns ignoram, outros encaram com unhas e dentes. Os desafios humanos são nossa condição primeira de existência. Por que tanto medo de sofrer, de romper as barreiras do desconhecido, de lidar com o futuro como algo real e inevitável? Crescer é um parto constante e sempre ficaremos com menos ar ou com mais frio na barriga... com mais dor ou mais taquicardia. Tudo depende... Matemos nossos tigres diários e sejamos legítimos com nosso espelho. Para que distorcer tanto o óbvio? Para que se incomodar tanto com o outro. Acrescente, não inveje ou julgue. Seja capaz de admirar, olhar de baixo para cima e enxergar possibilidades. Evolua na essência e não nas bordas. Sejamos!

quarta-feira, agosto 22, 2012

learning to fly



A euforia me aquece.

Sou muitas e sou nada.

Alimento cada devaneio e ancoro meus pés no chão.

Amarro-me ao vento e aos cabelos que respiro.

Quero tudo e tanto, que não sei querer mais.

Dôo minha prodigalidade de ser...

E não sei quantos passos faltam para estar comigo.

terça-feira, agosto 21, 2012

start




Vem...

Vem sentar-se ao lado do desconhecido,

da intimidade leda e encoberta pelo tempo.

Vem dar as mãos ao que não se espera.

Ouvir novas canções e relembrar as antigas.

Enlaçar os sorrisos e verdades não ditas.

Viver na maturidade primaveril dos campos que plantamos.

Voar com o desejo e construir com a novidade vindoura.

Vem, se aninha em meu coração!

segunda-feira, julho 30, 2012

gap




Pessoas estranhas,
vivas...
latindo, miando, grunhindo, uivando...
Elas celebram,
elas dançam,
se olham,
se lambem.
Todas no cio,
todas tramando.
Mulheres perdidas,
homens à deriva,
marginalizados, todos.
Entorpecidos.
Ébrios de ausência,
carentes de norte,
sedentos de si.


quinta-feira, julho 26, 2012

struggle



A verdade que se constrói aos olhos alheios se inverte convenientemente. A realidade sim, essa vem das entranhas. Por que se justifica na medida do nada? Não se esvazie do que nunca teve. É imodesto desmedir ou destituir o desconhecido. O mundo almeja equilíbrio e conhecimento, não conquistas para sua auto-afirmação. Para se sonhar, por vezes pagamos o preço da razão. Acontece! A vida tem seu fluxo próprio, mas somos agentes de intemperismos singulares, quando nos propomos a mudanças significativas. Se há o que despejar, eu transbordo... Não há lugar para o degredo ou injustiças. Se não o era, por que fez acreditar que sim? Alguns sentimentos não se renovam... E sim, nos perdemos em labirintos escuros e sombrios, mas colhemos flores no caminho, lembra? Você que poucas vezes se vestiu do avesso, não aprendeu a transcender da caverna cordial que criou. Versos não morrem, se revigoram com o tempo. E a crença na eternidade é ponderada na lembrança do que sempre foi, mas nunca será. Há dias em que tudo é confuso e inóspito, eu sei. Vivo em meus próprios desertos e "tudo é deserto". Mas insisto na jornada de ser. Reconheço seus passos na areia... mas o vento insiste em dar-lhes outra direção.

sexta-feira, julho 20, 2012

Anna



Mil anos depois, publico um texto de idos 2007-2008, feito com muito carinho para a senhoria Máximo.





Simples Anna em nome...
corpo lar do desconhecido.
Incessantes suspiros duvidosos
rainha das “palavras líquidas”...


Ofegantemente saborosa,
descabidamente lasciva...
docemente carente,
compulsivamente, Anna.


Colecionadora ávida,
de amores, pessoas,
Anna’s e vidas...


Partitura ensaiada,
de instintos guardados
nos segredos de seu piano.


Anna de um jardim secreto...
Despetalada em pele e beijos...
Anna de medos e asas guardadas...

Anna, a mulher de se amar entre os dedos.

quarta-feira, junho 27, 2012

followers


Uma folha em branco... um desassossego... um abismo entre a caneta e o papel. Transpiro cores e vôos noturnos... Já não sei quem sou e salto para as linhas que vejo. Tortuosas, dilacerantes e vertiginosas... Espelhos disformes e olhos cegos leem símbolos próprios, semiótica distorcida de um mundo que não é meu. Já não sei ser... estou simplesmente. A inquietude transborda e sigo entre cantos e unhas que acumulam desejos e sonhos que não são meus.

terça-feira, junho 19, 2012

to be



Sentir é para poucos. E o que fazer quando tudo que se sabe é sentir? Até a última gota, até o último fio de cabelo, até respirar se tornar a última coisa que o corpo se lembra de fazer... Até seus poros serem sua consciência e cada gota de suor se tornar um pedaço de alma livre... Que busca se expandir no outro, criando a soma de um. Nós nos aprisionamos em detalhes ínfimos, quando simplificar a vida é a ordem. E o que fazemos? Usamos caleidoscópios para enxergar o dia a dia, para enxergar o outro. Tememos porque não perguntamos, sofremos porque não agimos, lamentamos porque não ouvimos. Talvez o ser humano seja autodestrutivo por natureza ou é o meio que nos reprime? A pergunta é clichê, mas o pano de fundo se expande em uma teia complexa de significados e vivências mundanas que explicam tudo e nada. Sentir, hoje em dia, é para poucos.

quarta-feira, junho 13, 2012

M2



Não foram os beijos que não aconteceram, nem os poemas que guardei.../ Não foi sua limitação para a arte e a vida./ Não foram meus dias desmedidos./ Não foi a distância.../ nem o tempo!/ Cada um de nós celebra hoje a maturidade tempestiva,/ em construção.../ Muitos lábios se passaram e você continua o mesmo.../ mascarado entre segredos, desejos e sonhos./ Nunca fomos ou seremos./ Permanecemos numa ausência velada, / entre sua fantasia e minhas flores./ Na lacuna da minha inocência e na crueza e previsibilidade de quem você é./ Ainda não fomos honestos, mas sua fragilidade se expõe e eu reviro o que ficou guardado./ Nada restou, senão o perfume e a pele.

segunda-feira, junho 04, 2012

on the road

Revejo os pensamentos empoeirados e amarelados pelo tempo. Remexo as lembranças guardadas na estante e no sótão. Quantas caixas... quanta quinquilharia! Mas essa sou eu, repito. Pedaços de trinta e um anos completos e incompletos. Lembro dos desejos e ideais que mudaram e que mudarão com o tempo. A metamorfose do corpo. A transformação da mente. O incessante aprendizado que a idade transforma interna e externamente. As proporções e medidas mudaram, como os sonhos e a razão. Espero menos das pessoas que antes. Mas espero mais e cobro mais de mim, enxergando novas realidades e meus defeitos. Ainda advogo para mim mesma, com e sem culpa... Também reconheço as qualidades em construção. Quantas pessoas e histórias passaram por mim... algumas eu dei a importância medida... outras, nem tanto... Cresci e diminui de tamanho tantas vezes, nasci e renasci de tantas formas... me perdi, me encontrei... e ainda me perco e me encontro... "Minha competição com o vestido continua." E a mala tem reduzido de tamanho, mais selecionada. Errei algumas vezes a porta do sentimento, e persisto “Tenho que arrumar a mala de ser ”. (Citados trechos de Wislawa Szymborska e Álvaro de Campos)

sábado, maio 26, 2012

moment...

Sei que aqui não me ouvirá ou procurará saber de meus sussurros./ Dos olhares que guardo e das borboletas que insistem em invadir esses dias./ O chão fica menos denso e a gravidade se esvai.../ São só braços, eu me respondo./ Um infinito de cores desabrocham nos rostos dos transeuntes,/ eles se espantam com os tons dos sorrisos que transcendo./ Como a verdade é vaidosa! Ela se mostra nos cantos.../ E a pele! Essa amaldiçoada maga que nos aprisiona num toque./ Parece um jogo sempre a ponto do final e um novo movimento faz persistir a incerteza, a inquietude./ Um conhecimento parco do outro e de si mesma se renova a cada encontro.../ tentamos medir e dosar palavras e gestos que têm vontade própria e vivem num contexto próprio, camuflados pelo pensar insistente de dizer o que se sente.../ Eu que não amo à toa, mudei de esperança, bebendo a loucura e seu retrato./ Limpei minha vida!/

quarta-feira, maio 02, 2012

watching...

Respostas encobertas pela bruma do silêncio. Cada dia o distanciamento de um sentimento e a evolução de outros... Buscamos, mas nem sempre a bandeira chega ao topo da montanha. O aprendizado da derrota é mais fácil para uns. O verdadeiro guerreiro tem sabedoria para assumir a ruína de sua luta? Por mais que nos coloquemos no lugar do outro, a mente e o coração alheio será sempre um mistério. Mentiras, dissimulações, medo, receio ou simples descaso... o motivo não importa. A camuflagem é a mesma, uma expressão apática, seja sorriso ou lágrimas, o mistério permanece. Pergunto a mim mesma, quem é você? O que quer de mim? O que espera disso tudo? E o vácuo da ansiedade abraça o tempo. Tento guardar um pouco de mim nas caixinhas preciosas de sabedoria que me restam. Tomei minhas decisões, fiz minhas escolhas, me vesti de mim mesma, brigando entre timidez e coragem. Encarei os leões, mas ainda estou cercada por sua estratégia de ataque. Sairei viva? Sim, sem bem domar leões e matar tigres, mesmo que sofra ataques diretos e certeiros. Só vou colecionar mais cicatrizes. Mas há felinos traiçoeiros, muitos. Pode ser que o tigre de hoje seja mais esperto que os demais. Pode ser que ele seja mais honrado e me olhe nos olhos e nos encaremos de igual para igual.

quinta-feira, abril 26, 2012

calling

É momento do tempo e seus remédios.Vou rever os amigos e escrever poemas guardados até ver o fundo das garrafas de vinho. Cozinharei pelo prazer de cuidar. Assistirei aos filmes e seriados que me fazem rir e chorar. Viajarei um dia ou outro. Trabalharei como um burro, louca, frenética. Entre um café e outro, uma heineken para compor o cenário. (Verde, uma lembrança!) Vou ler os livros que ganhei ano passado e ainda estão na estante. Vou pensar nas flores... As que foram e as que virão. Vou pensar em fazer uma tatuagem ou furar meu nariz, mas vou desistir porque nunca acho que vou gostar de verdade. Dançarei like no one else is watching e rirei muito de tudo, inclusive de mim mesma. Pintarei as unhas, farei o cabelo. Maquiarei meu rosto marcando bem meus olhos. Usarei decotes. No colo e nas costas. Usarei meu melhor perfume. Sorrirei para o espelho e jogarei o cabelo para trás. Sairei com os amigos, falaremos besteiras e filosofaremos sobre a vida e os amores que vem e vão. E ainda aguardarei a nota certa para a melodia que venho compondo. Sua voz servirá de lugar pra nós dois.

segunda-feira, abril 23, 2012

awaking

escuta-me... esse desajeitado jeito que tenho de buscar seu sorriso, seus lábios, seus beijos.../ me desconstruo e sigo... farejando esse desconhecido caminho de marcas fortes, mapeadas na pele com suas cores.../ sussurro no escuro cada pensamento e desejo... e na sutileza dos dias, as primeiras lembranças brotam inusitadas, ansiosas e engraçadas.../ invejo o vento que te acompanha entre seus cabelos e esbanja sua vivacidade, sua liberdade de encarar o mundo em meio a borboletas e rochas./ entre uma música e outra, o vermelho é você. já não durmo para sonhar, só espero...

quinta-feira, abril 12, 2012

W


A insistência me constrange, mas decidi que “devo”, porque anseio.../ Leio-te e nas entrelinhas há sempre uma penumbra, uma busca incessante de si mesma./ Todas as perguntas filosóficas do mundo recaem sobre teus ombros e persistes numa luta sem fim contigo mesma./ Falas de ilusão, de cacos humanos, de lembranças subliminares.../Falas de perfeição, de plenitude, de felicidade.../Mas pergunto, tens feito as perguntas certas?/Todos os teus questionamentos tem te levado ao aprendizado? / Já que buscas o essencial, o âmago de ser tu mesma.../ Tens olhado na metáfora de teu espelho e gritado todas as culpas que sentes e tentado te perdoares?/ Não te envolvas, teu coração sussurra,/ porque calejado de histórias e desconstruções./Todos sentimos “saudades do que ainda não vimos...”/ Descreve com clareza suas intensidades./ E elas são muitas!/ Quanto te conheci parecia que todas elas saltavam de seus olhos.../ Tanta sede, tanta angústia, tanto brilho.../ Desejas deveras novos caminhos?/ Ah! O medo./ Esse vilão ocidental que bate à porta dos aventureiros de alma em construção./ Queria dar-te um mimo, um carinho que lhe dissesse algo.../ mas ainda não sei o que é./ Então dou-te o que não se esgotará... um pensamento!/ Conheces Alice?/ Aquela do país das maravilhas.../ Há uma crônica do Paulo Mendes Campos que tem como pano de fundo este livro, veja:/
“...A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!". O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon!". Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto-de-vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gatos se fosses eu?".
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! Mas quem ganhou?". É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhaste.
Disse o ratinho: "Minha história é longa e triste!". Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!". Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo". Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. Ê isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom-humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas...".
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça. (PARA MARIA DA GRAÇA – Paulo Mendes Campos).

Sábio, não?/ É isso, o inevitável acaso me trouxe até aqui.../ Cambaleante pelo incerto, entre o não e o sim.../ Deixando de rastro o carinho da brisa e um singelo agradecimento pela leitura.

sexta-feira, abril 06, 2012

passing by...


Sozinha se chega a todo destino.
Transformamos cada viagem em pequenas descobertas...
Os medos se tornam sorrisos, imagens perfeitas de buscas inesperadas...
Tornamo-nos desbravadores de brisas e bancos de parques...
Buscando sempre a surpresa nas cores e odores do que os sentidos bebem.
E nos apaixonamos cegamente pelo instante singular de cada nascer e por-do-sol.
Vamos viajar e desbravar almas por aí!
Vamos cantar os sonhos e brindar o desconhecido nos olhares alheios.
"Essa é a vida que eu quis!(...) Pro dia nascer feliz!"

terça-feira, abril 03, 2012

leaves...


E de mim, o que foi feito?
As noites ébrias de gozo e pensamentos intensos,
os dias de memórias vermelhas que vão e vêm...
A inquietude da alma que deseja,
Que expõe a ferida,
Que grita as fraquezas mundanas,
Que se despe diariamente.
As bocas se entrelaçam,
os braços...
as pernas...
Todos dançam sob a sinfonia noturna de momentos,
de lascívia...
Ah, a música!
Os olhares e odores regem cada nota dos corpos.
Ah, a melodia...
Sintonia perfeita entre curvas e movimentos...
Façamos, fazemos... todos!
Amamos o instintivo e bruto,
queremos o suave e delicado,
o que fica?
Que reine a leveza do não pensar...
Que reine a inocência sem culpa de poder amar.

terça-feira, janeiro 31, 2012

pieces of me




Um vício de não saber quem sou.
Rastejo, suplicando a cura
que invade cada pedra do abismo.

****

A sabedoria do mundo
cabe no universo de segredos que guardamos?

****

O amor se esconde no enfeite de um beijo
e se esvai num desvio inesperado,
um olhar.

****

As palavras camuflam verdades e pensamentos
e adoecemos todos de uma solidão crônica,
parasitada pelo vírus do medo.

****

Seguimos amando as pessoas erradas,
fazendo amor com corpos e não com almas...

****

Nos estraçalhamos em ira, inveja e traição
para no fim colhermos as lágrimas cortantes
de nossas escolhas e concluirmos: somos humanos!

Red



Abraços perdidos no tempo...
Desejos constantes de sei lá o quê...
Sim e não imperam nas escolhas...
Silencio os erros estampados na pele,
mas eles sempre são cobrados,
sempre...
Beijos doces embrutecem as papilas,
tudo muda de sabor,
todos os dias...
E o desejo é uma criança mimada, tem vontade própria!